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Sim, nessa gruta achamos primeiro o que admirar. Que vejo? Um Deus num estábulo! Um Deus sobre a palha! Ó prodígio! Esse Deus onipotente que Isaías viu sentado num trono de glória e majestade no mais alto os céus; onde o vemos agora repousar? Num presépio! E desconhecido, abandonado, sem outros cortesãos que dois animais e alguns pobres pastores!
Lá encontramos também um objeto digno de nossos afetos: um Deus, o Bem infinito que quis aviltar-se ao ponto de mostrar-se ao mundo como pobre criança, e isso a fim de se fazer mais amável, mais caro aos nossos corações: “Quanto mais Ele se humilha por mim, diz ainda S. Bernardo, tanto mais eu o amo”.
Lá encontramos enfim um modelo a seguir. O Altíssimo, o Rei do céu reduzido ao estado mais humilde! Uma criancinha em extrema indigência; nessa gruta em que acaba de nascer quer começar a ensinar-nos com seu exemplo, continua o mesmo Santo, aquilo que mais tarde nos ensinará dizendo: Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração. Peçamos a Jesus e Maria nos iluminem.
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Vai, pois, pecador, ao estábulo de Belém, e agradece a Jesus Menino que treme de frio por ti naquela gruta, que geme e chora por ti sobre a palha. Agradece a teu divino Redentor que veio do céu para te chamar e salvar. Se desejas o perdão, Ele te espera no presépio para te conhecer. Apressa-te, pois, pede-lhe perdão e depois não percas a lembrança do amor que Jesus te testemunhou. Não te esqueças, diz o profeta, da imensa graça que te fez tornando-se fiador por ti junto de Deus e tomando sobre si o castigo que havias merecido. Não o esqueças e dá-lhe o teu coração.
Santo Afonso Maria de Ligório – Encarnação, Nascimento e Infância de Jesus Cristo