- 28 de janeiro -
Tomás nasce por volta de 1226 no castelo de Roccasecca, na cidadezinha de Aquino, na Campagna felice italiana, aos pés do famoso mosteiro de Monte Cassino. É aparentado com os imperadores e reis, inclusive o da França, São Luís IX. Seu pai, Landolfo de Aquino pertence à nobreza longobarda e é filho de Francisca da Suábia, irmã do Imperador Frederico Barbaroxa. Sua mãe, Teodora de Teate, descende dos chefes normandos.
Tomás de Aquino nasce no ano que vê São Francisco descer ao túmulo e São Luís subir ao trono. Que nomes e que século! Mas não basta nomear Inocêncio III e Tomás de Aquino, São Luís e Santo Alberto Magno, Roger Bacon e São Boaventura, Giotto e Dante, a Suma Teológica e a Divina Comédia, a catedral de Colônia e a Saint-Chapelle de Paris, a Imitação de Cristo e a catedral de Amiens. É também no século XIII que são fundadas as universidades de Oxford e de Paris, a Ordem de São Domingos e a de São Francisco de Assis.
Em 1230 o pequeno Tomás, de cinco anos de idades, é enviado ao Mosteiro de Monte Cassino para estudar, send entregue aos cuidados do abade Sinebaldo, seu parente. Muito reflexivo e recolhido, o menino passa longo tempo pensando. A um frade que lhe pergunta sobre o que pensa, responde com a pergunta que mostra suas cogitações infantis: "Que é Deus". A essa questão ele responderá mais tarde como ninguém o fará.
A espiritualidade beneditina impregna para sempre o jovem Tomás. Aos 10 anos passa ao estudo dos primeiros elemento do latim, aritmética e gramática. Aos treze estuda os Evangelhos e as Epístolas de São Paulo. Logo se familiariza com os escritos de São Gregório Magno, as cartas de São Jerônimo e alguma coisa de Sato Agostinho.
Entrementes, estoura uma guerra entre o Imperador Frederico II e o Papa Gregório IX, que o excomunga. A abadia de Monte Cassino toma o partido do Papa. O Imperador a invade e envia seus monges para o exílio. O adolescente Tomás é devolvido à família. Depois, provavelmente por conselho do abade Sinebaldo é encaminhado para a universidade de Nápoles para concluir seus estudos a Faculdade das Artes da Universidade local. Tomás tem 14 ou 15 anos então.
Seu primeiro biógrafo relata que nas aulas o seu gênio começa a brilhar de tal forma, e a sua inteligência a revelar-se tão perspicaz, que repete aos outros estudantes as lições dos mestres de maneira mais elevada, mais clara e mais profunda do que tinha ouvido, e enche de admiração os mestres e os discípulos e através das escolas voava a sua fama. É em Nápoles que o adolescente Tomás trava relações com a Ordem Dominicana, ou dos Pregadores.
Após falecer-lhe o pai, em dezembro de 1243, Tomás vê a oportunidade para ser admitido na Ordem de São Domingos. tanto mais que já tem 19 anos. E é aceito. Logo é enviado a Roma junto de uma carava de dominicanos por Frei João, o Teutônico, 4º Superior Geral da Ordem. Ao se aproximarem de Aquapendente para se dessedentarem o jovem Tomás é sequestrado pelo irmão Reinaldo, a mando da mãe Teodora, e levado para Roccasecca, apesar dos protestos do Superior Geral.
Segundo parece, é no castelo de São João, onde param para pernoitar a caminho de Roccasecca, que se dá o infame e ao mesmo tempo admirável episódio da tentativa de sedução e heroica resistência do futuro Doutor Angélico.
Todos vão dormir. Tomás fica só no castelo. Eis que aprece na porta uma bela filha do povo, ataviada com o intuito declarado de levar o dominicano ao pecado. Assim que a moça entra no aposento, Tomás, dando mostras de uma virtude heroica, pega no fogão uma acha de lenha em brasa e corre atrás dela, que foge como pode. Em seguida, ainda cheio de indignação, desenha na parede uma grande cruz que oscula, implorando que o proteja para que nunca perca a integridade da pureza de alma e de corpo. Frei Reinaldo de Piperna afirma: "Tomás morreu tão puro quanto uma criança de três anos".
Enfim, depois de quase dois anos de prisão, com a ajuda de suas irmãs consegue escapar, descido romanescamente num cesto - como outrora São Paulo fugindo de Damasco - para os braços dos dominicanos, seus irmãos de hábito, que o aguardam.
De Nápoles, Tomás vai para Paris onde, no convento de Saint-Jacques faz o noviciado e a profissão religiosa. De Paris, o discípulo acompanha o mestre, Santo Alberto Magno, que vai organizar um centro de estudos teológicos da Ordem em Colônia, Alemanha. Em Colônia, Tomás recebe a ordenação sacerdotal das mãos do arcebispo Conrado de Hochstaden e é nomeado assistente de Santo Alberto.
Nessa época tinha 21 anos de idade e já lhe oferecem o arcebispado de Nápoles. Mas nega, e visa apenas a maior glória de Deus como simples sacerdote.
Daí em diante, a vida do Doutor Angélico foi uma seqüência de sublimes serviços prestados à sagrada teologia e à filosofia. Aos 22 anos de idade interpretou com genialidade a obra de Aristóteles; aos 25, juntamente com São Boaventura, obteve o doutorado na Universidade de Paris. Estes dois arquétipos doutrinários nutriam grande admiração recíproca, a ponto de disputarem afetuosamente, no dia de receberem o título máximo, quem seria nomeado primeiro, cada qual desejando ao outro
a primazia.
a primazia.
A fama de Santo Tomás torna-se universal e todos querem ouvi-lo. São Luís IX - o rei Cruzado -o consulta sobre todos os assuntos importantes. Certo dia em que o convida para sua mesa, nota que o frade está muito silencioso. De repente, dando um murro na mesa, Tomás exclama: "Encontrei um argumento concludente contra os maniqueus". Seu superior , que estava com ele, puxa-o pelo manto para que se lembre onde está. Como que voltando a si Frei Tomás pede desculpas ao rei por sua distração. Mas o rei, temendo que ele se esqueça do argumento, chama depressa uma amanuense para anotá-lo.
Edificante quadro medieval, bem demonstrativo da perfeita unidade que liga, nesse período nobilíssimo da História, os Reis e os Sábios, nos mesmos ideais da conquista da verdade e do serviço de Deus!
Três coisas frei Tomás pede com grande instância ao Redentor: fortaleza para servi-Lo sem fraquejar nos primeiros propósitos com que havia começado; que o conserve humilde e pobre no estado religioso que abraçou; e que lhe descubra o estado em que estava seu irmão Arnoldo, a quem o imperador Conrado havia tirado a vida porque seguia o lado da Igreja. Essas três coisas lhe são concedidas, porque persevera sem tibieza no serviço de Deus.
Em 1274 São Tomás partiu para Lion a fim de participar do Concílio Ecumênico convocado pelo Papa Gregório X, mas no caminho adoeceu gravemente. Como não havia nenhuma casa dominicana próxima, foi levado para a abadia cisterciense de Fossanova, onde faleceu a 7 de março, antes de completar cinqüenta anos de idade. Suas relíquias foram transportadas para Toulouse em 28 de janeiro de 1369, data em que a Igreja Universal celebra sua memória.
Ao receber por derradeira vez a Sagrada Eucaristia, disse ele: "Eu Vos recebo, preço do resgate de minha alma e Viático de minha peregrinação, por cujo amor estudei, vigiei, trabalhei, preguei e ensinei. Tenho escrito tanto, e tão freqüentemente tenho discutido sobre os mistérios da vossa Lei, ó meu Deus; sabeis que nada desejei ensinar que não tivesse aprendido de Vós. Se o que escrevi é verdade, aceitai-o como uma homenagem à vossa infinita majestade; se falso, perdoai a minha ignorância. Consagro tudo o que fiz e o submeto ao infalível julgamento da vossa Santa Igreja Romana, na obediência à qual estou prestes a partir desta vida."
No mesmo dia em que falece, estando seu mestre Santo Alberto Magno lecionando em Colônia, na Alemanha, diante de todos começa a chorar amargamente. Quando lhe perguntam a causa, ele responde: "Meu filho, Frei Tomás de Aquino, que era um luzeiro da Igreja, morreu hoje".
Papa Inocêncio III com Santo Tomás de Aquino e São Boaventura
O Papa João XXII, que canonizou São Tomás, na sua Alocução Consistorial de 1º de março de 1318, diz dele: "Ele sozinho iluminou a Igreja mais que os outros Doutores; nos seus livros o homem aproveita mais num ano que durante a vida inteira na doutrina dos outros", e que não necessitou de nenhum milagre para canonizá-lo porque havia feito tanto milagres quantas questões havia escrito. E o Papa Inocêncio VI em seu Sermão sobre Santo Tomás: "A sua doutrina possui, mais que nenhuma outra, excetuado o direito canônico, a propriedade dos termos, a exatidão dos enunciados, a verdade dos juízos, de tal forma que nunca os que lhe foram fiéis são surpreendidos fora do caminho da verdade e quem quer que a tenha combatido é sempre suspeito de errar". O Papa São Pio V declara na bula Mirabilis Deus, de 11 de abril de 1567, que as heresias são confundidas e vencidas pela sua doutrina, que todos os dias liberta o Universo de erros perniciosos. Ele proclama São Tomás "Doutor da Igreja", com o título de "Angélico", equiparando-o a Santo Ambrósio, São Jerônimo, Sato Agostinho e São Gregório Magno. Ora, basta lembrar que no Concílio de Trento, sobre o altar, foram colocadas a Sagrada Escritura e a Suma Teológica, para significar que era à luz do ensinamento tomista que se devia ler e interpretar a Bíblia Sagrada.
Les Petits Bollandistes, Vies des Saints, d'après le Père Giry, Bloud et Barral, Libraires-Éditeurs, Paris, 1882, vol. III, pp. 235 e ss.
Acta Sanctae Sedis, XXXVII (1904), apud J.-I. Berthier, Sanctus Thomas Aquinas "Doctor communis Eclesiae", Roma, 1914, p. 272.
The Catholic Encyclopedia, Saint Thomas of Aquinas, Vol. XIV, by Robert Appleton Company, 1912, Online Edition Copyright - 1999
Pe. José Leite, Santos de cada dia, Editorial A.O., Braga, 1993, tomo I, pp. 135 e ss.
Les Petits Bollandistes, Vies des Saints, d'après le Père Giry, Bloud et Barral, Libraires-Éditeurs, Paris, 1882, vol. III, pp. 235 e ss.
Acta Sanctae Sedis, XXXVII (1904), apud J.-I. Berthier, Sanctus Thomas Aquinas "Doctor communis Eclesiae", Roma, 1914, p. 272.
The Catholic Encyclopedia, Saint Thomas of Aquinas, Vol. XIV, by Robert Appleton Company, 1912, Online Edition Copyright - 1999
Pe. José Leite, Santos de cada dia, Editorial A.O., Braga, 1993, tomo I, pp. 135 e ss.