A Igreja não elaborou suas cerimônias através de um planejamento prévio. Organismo sobrenatural como é, possui uma vitalidade própria com a qual se desenvolve, cresce e se torna bela, de maneira orgânica. Assim foi-se construindo o ano litúrgico ao longo dos tempos. Em concreto, o Advento surgiu entre os séculos IV e V como uma preparação para o Natal, sintetizando a grande espera dos bons judeus pelo aparecimento do Messias.
Os séculos antecedentes ao nascimento do Salvador foram marcados pela dor dos pecados pessoais e do de nossos primeiros pais. Mais marcante ainda se tornou a período anterior à vida pública do Messias: uma voz clamante no deserto convidava todos a pedirem perdão dos seus pecados e a se converterem, para que assim fossem endireitados os caminhos do Senhor.
No Advento, mais do que simplesmente recordar-nos o fato histórico do Natal, a Igreja quer fazer-nos participar das graças próprias à festividade, tal qual delas gozaram a Santíssima Virgem, São José, os Reis Magos, os Pastores, etc. Ora, uma grande esperança, pervadida pelo desejo de santidade e por uma vida de penitência, sustentava o povo eleito naquelas circunstâncias.
Eis algumas razões pelas quais se entende a escolha do roxo para os paramentos litúrgicos, nas quatro semanas do Advento. É tempo de penitência. E por isso o Evangelho nos fala da vigilância, por não sabermos quando retornará o "senhro da casa".