Em 1665, uma aldeia da Lorena era assolada por frequentes incêndios; a cada dia alguma nova casa era destruída pelas chamas, e ninguém podia determinar a causa daqueles sinistros. Já doze casas tinham sido sucessivamente queimadas, quando, desesperados, os habitantes do local foram pedir socorro a uma abadia próxima.
Deram-lhes ali algumas medalhas de São Bento, aconselhando-lhes que as suspendesse nas paredes das casas que até então haviam sido poupadas. Os habitantes da aldeia seguiram à risca o conselho, e desde então suas moradas não mais precisaram temer os incêndios que tantos estragos tinham causado.
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Na região de Borgonha grassava no gado uma terrível epidemia tão violenta que as vacas, em vez de leite, davam sangue. Mas os animais recuperaram a saúde logo que lhes foi dado de beber água em que havia sido mergulhada a medalha de São Bento. Esse fato também se refere ao ano de 1665.
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Uma jovem estava dominada por um espírito maligno de um modo tão irresistível, que sua língua não cessava de proferir palavras obscenas. Dir-se-ia que o demônio havia estabelecido morada na língua daquela vítima. Para livrá-la da violência que lhe fazia o inimigo de toda a virtude, apresentaram-lhe também, para beber, água santificada pelo contacto com a medalha de São Bento: imediatamente cessou a pressão em que vivia, e desde então não mais violou em suas conversas as regras da moral cristã.
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No mesmo ao de 1665, um homem tinha no braço uma chaga tão grande e tão envenenada, que não cedia a remédio nenhum. Ocorreu então a lembrança de se colocar a medalha de São Bento sobre o braço enfermo, juntamente com o habitual curativo. No dia seguinte, ao remover-se a bandagem , verificou-se que a chaga estava com bom aspecto, e ao cabo de alguns dias cicatrizou inteiramente.
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Em 1666, o castelo de Maillot, situado a algumas léguas de Besaçon, era infestado por demônios. Os moradores passavam por sustos contínuos em consequência de rumores estranhos que se ouviam; até os animais eram dizimados por moléstias desconhecidas. Tornou-se tão grande o terror, que foi afinal abandonado o edifício. Algumas pessoas piedosas aconselharam então que se suspendesse em diversos lugares, nas paredes do castelo, a medalha de São Bento. A confiança dessas pessoas foi justificada, pois desapareceu instantemente a causa de tantos terrores; a residência foi restituída à paz, e desde então seus habitantes puderam ali viver sem qualquer inquietação.
GUÉRANGER, Próspero. Essai sur l'origine, la signification et les privilèges de la Médaille ou Croix de Saint-Benoit, 12ª Edição, Librerie Religieuse H. Oudin, Poitiers, 1899.