O texto abaixo foi-nos enviado pelo nosso leitor Thiago de Moraes, catequista, bacharel em Filosofia e estudante de Teologia.
Com o pecado original, se instala no homem aquilo que chamamos de concupiscência, uma inclinação para o pecado. A concupiscência faz com que a dimensão sensitiva do homem seja posta acima da dimensão racional. Ao dar vazão às paixões o homem acaba caindo no pecado.
Os Padres do deserto sabiam disso, e se valiam de alguns métodos a fim de vencer a tentação. Um destes métodos era a utilização de versículos bíblicos, como jaculatórias, que contradissessem ao demônio que lhes afligisse. Jesus se valeu deste método ao ser tentado no deserto. Sem dúvida é um método eficaz, tendo em vista que a “palavra de Deus é viva, eficaz, mais penetrante do que uma espada de dois gumes e atinge até a divisão da alma e do corpo, das juntas e medulas, e discerne os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4,12).
Proponho o exercício deste método selecionando algumas jaculatórias bíblicas para vencer as paixões:
Soberba- “O temor do Senhor odeia o mal. Detesto o orgulho e a soberba, a má conduta e a boca falsa” (Pv 8,13);
Vanglória (vaidade)- “Tu és pó, e ao pó voltarás” (Gn 3,19b);
“Nada façais por ambição ou vanglória, mas, com humildade, cada um considere os outros como superiores a si” (Fl 2,3);
Avareza- “Nu saí do ventre de minha mãe, nu voltarei para lá. O Senhor deu, o Senhor tirou: bendito seja o nome do Senhor!” (Jó 1,21);
“Não dura muito, o homem rico e poderoso é semelhante ao gado gordo que se abate” (Sl 48[49], 21);
Gula- “Procedamos honestamente, como em pleno dia: nada de glutonerias e bebedeiras, nada de orgias e imoralidades, nem de contendas e rivalidades.” (Rm 13, 13);
Obs. Como se vê, esse versículo serve para se combater outras paixões também;
Ira- “Acalma a ira e depõe o teu furor; Não te irrites, pois seria um mal a mais” (Sl 36[37],8);
Luxúria- “Fugi da fornicação. Qualquer outro pecado que o homem comete é exterior ao corpo, mas o impuro peca contra o seu próprio corpo” (I Cor 6, 18);
Inveja- “O homem invejoso precipita-se atrás da fortuna: não sabe que vai cair sobre ele a indigência.” (Pv 28,22);
Preguiça (Acídia)- “Vai ter com a formiga, ó preguiçoso, observa seu proceder e dela aprende a Sabedoria.” (Pv 6,6);
“Desperta, minh'alma, desperta! Despertem a harpa e a lira, eu irei acordar a aurora!” (Sl 107[108], 2d-3)
Tristeza- “Alegrai-vos sempre no Senhor! Repito, alegrai-vos!” (Fl 4,4);
“A tristeza segundo Deus produz o arrependimento e, assim, leva à salvação. E isso ninguém lamentará! Mas a tristeza segundo o mundo produz a morte” (II Cor 7,10);
Obs. Como este próprio versículo diz, há uma tristeza boa, o arrependimento do pecado. Mas o que se deve combater é a tristeza mundana, que prostra e nos impede de seguir em frente);
Cito ainda alguns sentimentos que não figuram na lista tradicional de vícios, pois não necessariamente são maus, mas que desregrados, podem nos prejudicar:
Ansiedade- “Tudo tem seu tempo. Há um momento oportuno para cada coisa debaixo do céu” (Ecl 3,1);
Curiosidade- “Acautela-te de uma busca exagerada de coisas inúteis, e de uma curiosidade excessiva nas numerosas obras de Deus” (Eclo 3,24);
Medo- “Coragem! Eu venci o mundo” (Jo 16,33c);
“Não tenhais medo daqueles que matam o corpo e depois disto nada mais podem fazer” (Lc 12,4);
Ciúme- “Onde houver ciúme e contenda, ali há também perturbação e toda espécie de vícios” (Tg 3,16);
“Com efeito, enquanto houver entre vós ciúmes e contendas, não será porque sois carnais e procedeis de um modo totalmente humano?” (I Cor 3,3);
Sem dúvida, aliado com a fuga das ocasiões de pecado, com a vida de oração e sacramental, esse método será mui frutuoso.