“De fato, se vocês perdoarem aos homens os males que eles fizeram, o Pai de vocês que está no céu também perdoará a vocês. Mas, se vocês não perdoarem aos homens, o Pai de vocês também não perdoará os males que vocês tiverem feito”. (Mt 6,14-15)
Todo o homem é devedor para com Deus e todo o homem tem no seu irmão um devedor. De fato, quem não tem dívidas para com Deus, à exceção de quem não se encontra em pecado?
E quem não teria o seu irmão por devedor, à exceção do que nunca foi ofendido por ninguém? Todos os homens são, portanto devedores e credores simultaneamente. […]Um mendigo te pede esmola e tu, tu és o mendigo de Deus, porque todos somos, quando Lhe rezamos, os mendigos de Deus. Ficamos, ou melhor, prostramo-nos à porta do nosso Pai de família (cf. Lc 11,5s); suplicamos-Lhe lamentando-nos, desejosos de receber d’Ele uma graça, e essa graça, é o próprio Deus.
Que te pede o mendigo? Pão. E tu, que pedes tu a Deus que não seja Cristo, Ele que disse: «Eu sou o pão vivo que desceu do céu» (Jo 6,51). Quereis ser perdoados? Perdoai. «Perdoai, e ser-
vos-á perdoado». Quereis receber? «Dai, e ser-vos-á dado» (Lc 6,37). […]
Estejamos prontos para perdoar todas as faltas que cometerem contra nós, se queremos que Deus nos perdoe. Sim, verdadeiramente, se considerarmos os nossos pecados e passarmos em revista as faltas que cometemos, não sei se poderíamos adormecer sem sentir todo o peso da nossa dívida.
Eis porque em cada dia apresentamos a Deus os nossos pedidos, que em cada dia as orações que fazemos Lhe chegam aos ouvidos, que em cada dia nos prostramos, dizendo: «Perdoa as nossas dívidas como nós perdoamos a quem nos deve».
Que dívidas queres que te sejam perdoadas? Todas, ou uma parte? Vais responder: todas. Faz, portanto o mesmo para quem te está devedor.