Observe-se, por exemplo, o
que se passa, em muitos lugares, com a aplicação da Constituição sobre a
Sagrada Liturgia no que se refere ao latim.
Na Igreja Ocidental e nas
por esta fundadas, o latim sempre foi considerado pelos fiéis com a língua da
Igreja. Viam eles no latim o invólucro sagrado de um mistério sagrado. No latim
admiravam a unidade da Igreja que congraçava na mesma língua os povos mais
distantes pelos usos, costumes e idiomas. Atendendo a todas estas razões, e a
outras mais que foram expostas nas Congregações gerais do Concílio, a
Constituição sobre a Sagrada Liturgia mandou que se conservasse o uso do latim
dos ritos litúrgicos da Igreja Latina: “Salvo
direito particular, mantenha-se o uso do latim dos ritos litúrgicos” (Const.
De Sacra Liturgia, 36, §1). Tendo em vista, no entanto, o eventual benefício
dos fiéis, permitiu-se o uso do vernáculo em várias partes dos ritos sagrados,
especialmente nas lições, admoestações, em algumas orações e cânticos (Const.
De Sacra Liturgia, 36, §2). O que vale também no Sacrossanto Sacrifício da
Missa. Manda, porém, o Concílio que se providencie a que o fiel possa dizer ou
cantar também em latim as partes do Ordinário da Missa que lhe competem (Const.
De Sacra Liturgia, 54).
À vista do exposto, seria
normal um empenho por que os fiéis se habituassem ao latim e, agora, mais de
dois anos após a promulgação da Constituição sobre a Sagrada Liturgia, deveria
ser comum vê-los em muitos lugares já habituados a dialogar a Missa em latim. É
o que vemos?
A determinação geral da
Constituição, declarando que o uso da língua latina deve ser conservado nos
tiros latinos da Igreja Latina, normalmente teria como consequência que, sem
motivo razoável, não se empregasse o vernáculo, e, de outro lado, se
favorecesse o mais possível o conhecimento do texto latino dos livros
litúrgicos por parte do povo. O que notamos , em muitos lugares, é uma campanha
para esquecer o latim. Em breve não terão mais os fiéis facilidade em obter o
texto latino dos ritos sagrados da Igreja Latina. Pois sempre mais se
generaliza o costume de pôr-lhes nas mãos apenas o texto vernáculo.
Verifica-se, portanto, o
inverso do que manda a Constituição. Segundo o documento conciliar, dever-se-ia
facilitar o uso do latim, pois é a língua oficial do rito latino. Na realidade,
como aplicação dessa Constituição, dificulta-se o uso da língua oficial da
Igreja Romana. Convenhamos que tal maneira de agir não contribui para a
edificação dos fiéis.