O Cura D’Ars era
humilíssimo, mas consciente de ser, enquanto padre, um dom imenso para o seu
povo: “Um bom pastor segundo o coração de
Deus, é o maior tesouro que o bom Deus pode dar a uma paróquia e um dos dons
mais preciosos da misericórdia divina”.
Falava do sacerdócio como se
não conseguisse alcançar plenamente a grandeza do dom e da tarefa confiados
a uma criatura humana: “Oh, como é grande
o padre” [...] Se lhe fosse dado compreender-se a si mesmo, morreria. [...]
Deus obedece-lhe: ele pronuncia duas palavras e, à sua voz, Nosso Senhor desce
do Céu e encerra-Se numa pequena hóstia”.
“Que aproveitaria termos uma casa cheia de ouro, se não houvesse
ninguém para abrir a porta? O padre possui a chave dos tesouros celestes: é ele
quem abre a porta; é o ecônomo de seus bens [...]. Deixai uma paróquia durante
vinte anos sem padre, e lá adorar-se-ão as bestas. [...] O padre não é padre
para si mesmo, é o para vós”.
Tinha chegado a Ars, uma
pequena aldeia com 230 habitantes, precavido pelo Bispo de que iria encontar
uma situação religiosamente precária: “Naquela
paróquia não há muito amor de Deus, infundi-lo-eis vós”. Por conseguinte,
achava-se plenamete consciente de que devia ir para lá a fim de encarnar a
presença de Cristo, testemunhando a Sua ternura salvífica: Meu Deus, “concedei-me a conversão da minha paróquia;
aceito sofrer tudo aquilo que quiserdes por todo o tempo da minha vida!”;
foi com esta oração que começou a sua missão. E, à conversão da sua paróquia,
dedicou-se o Santo Cura com todas as suas energias, pondo no cume de cada uma
de suas ideias a formação cristã do povo a ele confiado.
O Cura d’Ars principiou
imediatamente um humilde e paciente trabalho de harmonização entre sua vida de
ministro e a santidade do ministério que lhe estava sendo confiado, decidindo
“habitar”, mesmo materialmente, na sua igreja paroquial: “Logo que chegou, escolheu a igreja por sua habitação. [...] Entrava na
igreja antes da aurora e não saía de lá senão à tardia depois do Ângelus.
Quando precisavam dele, deviam procurá-lo lá” – lê-se na primeira
biografia. [...]
O Santo Cura ensinava os
seus paroquianos, sobretudo, com o testemunho de vida. Pelo seu exemplo, os
fiéis aprendiam a rezar, detendo-se de bom grado diante do sacrário para uma
visita a Jesus-Eucaristia. “Para rezar
bem – explicava-lhes -, não há
necessidade de falar muito. Sabe-se que Jesus está ali, no Tabernáculo sagrado:
abramos-Lhe o nosso coração, alegremo-nos pela Sua presença sagrada. Esta é a
melhor oração”. E exortava: “Vinde à
Comunhão, meus irmãos, vinde a Jesus. Vinde iver d’Ele para poderdes viver com
Ele. É verdade que não sois dignos, mas tendes necessidade!”.
Esta educação dos fiéis para
a presença eucarística e para a Comunhão adquiria uma eficácia muito
particular, quando o viam celebrar o Santo Sacrifício da Missa. Quem ao mesmo
assistia, afirma que “não era possível
encontrar uma figura que exprimisse melhor a adoração. [...] Contemplava a
Hóstia amorosamente”.
Dizia ele: “todas as boas obras não igualam o valor do
Sacrifício da Santa Missa, porque aquelas são obras humanas, enquanto a Missa é
obra de Deus”. Estava convencido de que todo o fervor da vida de um padre
dependia da Missa: “a causa do
relaxamento do sacerdote é porque não presta atenção à Missa” Meu Deus, como é
de lamentar um padre que celebra [a Missa] como se fizesse uma coisa
ordinária!”. E, ao celebrar, tinha tomada o costume de oferecer sempre
também o sacrifício da sua própria vida: “Como
faz bem um padre oferecer-se em sacrifício a Deus todas as manhãs!”.
Bento XVI na Carta para a Convocação do Ano Sacerdotal - 2009
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