Pode ser que você não reconheça o nome, mas seguramente já escutou sua música. O maestro Ennio Morricone é considerado um dos melhores compositores de partituras de filmes de Hollywood. Ao longo de sua carreira foi responsável pela composição e arranjo de mais de 500 filmes e programas de televisão. Escreveu algumas das mais conhecidas trilhas sonoras dos filmes de faroeste (western spaghetti), entre eles “Por um punhado de dólares”, “Por uns dólares a mais”, “Três homens em conflito” e “Era uma vez no Oeste”.
É famoso também pela composição das trilhas sonoras de “Era uma vez na América”, “A Missão”, “Os intocáveis”, “Cinema Paradiso” e muitos outros. Venceu cinco prêmios BAFTA, foi indicado para cinco Oscars e recebeu pelas mãos de Clint Eastwood um Oscar honorário “pelas suas magníficas contribuições musicais ao cinema”. Foi recentemente nomeado pelo presidente da França Cavaleiro da Ordem da Legião de Honra. Com 80 anos, continua trabalhando: além do arranjo musical de “Baarìa”, um filme italiano de Giuseppe Tornatore, que abriu o Festival de Veneza deste ano, foi convidado por Quentin Tarantino para compor a música de “Bastardos sem glória”, filme do momento.
Apesar de toda essa fama e distinções, este grande compositor não perdeu nada de sua humildade e realismo romano. É talvez isso, mais que suas comoventes e únicas composições, que faz dele um dos grandes nomes de Hollywood.Em recente e interessante entrevista à agência Zenit, ele afirmou que sua fé contribui nas suas composições. Ele reconhece que crê que Deus o ajuda a “escrever uma boa composição”. Falando de “A Missão”, diz que o grandioso da partitura deste filme era seu “efeito técnico e espiritual”.
Sobre o Papa Bento XVI, que é também pianista, ele diz que tem “muito boa opinião” do Santo Padre. “Parece-me que é um Papa de mente sábia, um homem de grande cultura e também de grande força”, afirma. É especialmente elogioso com os esforços de Bento XVI de reformar a liturgia, um assunto que Morricone sente com grande força. “Hoje a Igreja cometeu um grande erro, atrasando o relógio 500 anos com as guitarras e as canções populares – argumenta. Nada disso me agrada. O canto gregoriano é uma tradição vital e importante da Igreja e desperdiçá-lo por misturas juvenis de palavras religiosas e profanas, canções ocidentais, é extremamente grave, extremamente grave”, enfatiza.
Afirma que isso é voltar atrás os ponteiros do relógio porque o mesmo sucedeu antes do Concílio de Trento, quando os cantores mesclavam o profano com a música sagrada. “O Papa faz bem em corrigir isso – observa. Deveria corrigi-lo com muito mais firmeza. Algumas igrejas têm levado em conta suas correções, mas outras não”. É uma opinião valiosa de quem entende de música. Não é só uma questão de sacralidade, mas também de bom gosto musical.
Dom Fernando Arêas Rifan - Bispo da Administração Apostólica São João M. Vianney