Numa sucessão de auges de pecados seguidos da intervenção de Deus, decorreu a História da Humanidade, até as vésperas do dia em que "uma virgem concebeu e deu à luz um filho" (Is. 7, 14).
Para se ter uma ideia de quanto, nessa época, por toda a parte grassavam o despotismo, a degradação moral e a idolatria, basta lançar os olhos sobre a situação de dois povos.
No Império Romano, os imperadores pesavam não somente sobre as nações subjugadas pelas suas legiões, mas também sobre os seus próprios súditos. O desprezo para com a vida humana chegou a tal ponto de considerar como simples res (coisa) a infinidade de escravos sujeitos a todo tipo de caprichos e crueldades. Divindades como Vênus, Baco, Marte, Mercúrio, simbolizavam alguma paixão especial, algum vício a ser imitado: luxúria, embriaguez, violência, sortilégio, etc.
O Povo Eleito não ficou imune à decadência. Corroído, também ele, pelos cultos idolátricos, acabou dividindo-se em várias seitas: os Saduceus, que aceitavam como Lei apenas os cinco livros de Moisés; os Fariseus, que, além do Pentateuco, consideravam válidos outros livros bíblicos e doutrinas recentes, como a ressurreição dos mortos e a existência de anjos; e os Zelotas, que formavam um grupo revolucionário em luta pela independência política em relação a Roma.
Diante dessas desordens, tudo parecia indicar que a Terra estava muito mais próxima de um terrível castigo do que de uma grande misericórdia.
Contudo, pelo "fiat" de Maria Santíssima, a justiça de Deus cedeu lugar à clemência. Deus-se a Encarnação. Jesus nasceu e Se manifestou aos homens para indicar-lhes que a era da Lei e da Justiça abria portas ao Amor e à Misericórdia.
Passados mais de dois mil anos, defrontamo-nos com outra crise de âmbito universal, sob certos aspectos, mais ameaçadora e trágica do que aquela vivida no passado. Hoje, grande parte da humanidade nega os ensinamentos do Divino Redentor, volta as costas a Deus e dá sinais de querer regressar ao paganismo. Os homens prostram-se, novamente, diante de ídolos que não podem oferecer-lhes salvação. Adoram o ouro, o poder, a vanglória e o prazer.
A perplexibilidade pervade os povos e as nações. Quais serão os rumos a tomar no campo político-social, econômico, familiar, religioso?... O que acontecerá? Mandará Deus Sua luz celeste para nos guiar, como outrora foram os Reis Magos conduzidos pela estrela?
Quem poderá saber?
O certo é que Nossa Senhora afirmou em Fátima: "Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!". E esse triunfo não será senão um desdobramento do triunfo de Jesus, uma nova e gloriosa Epifania.
(Retirado da Revista Arautos do Evangelho, n° 85 de janeiro de 2009)