Pedro Celestino, eremita, fundador e Papa, nasceu em 1221 em Isenia, na
província de Apulia. Tendo apenas seis anos de idade, disse à mãe: “Mamãe,
quero ser um bom servo de Deus”. Fielmente cumpriu esta palavra, como se fosse
uma promessa feita ao Altíssimo. Apenas tinha terminado os estudos, quando se
retirou para um ermo, onde viveu dez anos. Decorrido este tempo, ordenou-se em
Roma e entrou na Ordem Beneditina. Com licença do Abade, abandonou depois o
convento, para continuar a vida de eremita. Como tal, teve o nome de Pedro de
Morone, nome tirado do morro de Morone, ao sopé do qual erigira a cela em que
morava.
O tempo que passou naquele ermo, foi uma época de
grandes lutas, tentações e provações. As perseguições que sofreu do espírito
maligno, foram tão pertinazes, que por longos meses deixou de celebrar a Santa
Missa, e chegou quase a abandonar a cela. A paz e tranqüilidade voltaram,
depois de Pedro ter confessado o estado de sua consciência a um sábio
sacerdote.
Em 1251, fundou, com mais dois companheiros, um
pequeno convento, perto do morro Majela. A virtude dos monges animou outros a
seguir-lhes o exemplo. O número dos religiosos, sob a direção de Pedro, cresceu
de mês em mês, tanto, que o superior, por uma inspiração divina, deu uma regra
à nova ordem, chamada dos Celestinos. Esta Ordem, reconhecida e aprovada por
Leão IX, estendeu-se admiravelmente, e ainda em vida do fundador contava 36
conventos.
Com a morte de Nicolau V, em 1292, ficou a Igreja
sem Chefe. Dois anos durou o conclave, sem que os cardeais pudessem reunir os
seus votos a um único candidato. Afinal, aos 5 de julho de 1294, contra todas
as expectativas, e unicamente à insistência e pressão de Carlos II, rei de
Nápolis, saiu eleito Pedro Morone, que fixava residência primeiro em Aquila, e
depois em Nápolis. Ao piedoso e santo eremita faltavam por completo as
qualidades indispensáveis para governar a Igreja, ainda mais num período tão
crítico e difícil. Os Cardeais breve perceberam o erro, quando viram que o
eleito, em vez de ouvir os seus conselhos, preferia seguir os do rei e de
alguns monges excêntricos, ficando com isto seriamente prejudicados altos
interesses da Igreja. O Pontífice por sua vez, reconheceu que estava deslocado,
e deu-se pressa em abdicar (13-12-1294). Bonifácio VIII, seu sábio e zeloso
sucessor, empregou todos os esforços para pôr cobro às opressões da Igreja pelo
poder civil, no que se viu logo hostilizado por muitos Cardeais, que chegaram a
declarar não justificada, e sem efeito a abdicação de Celestino, e ilegal a
eleição de Bonifácio. Para afastar o perigo de um cisma, este mandou fechar
Celestino, até a morte, no castelo Fumone, cercando-o embora de todo o
respeito.
Pedro de boa vontade se sujeitou a esta medida
coercitiva e passou dez meses, por assim dizer, na prisão.
Por uma graça divina foi conhecedor do dia da sua
morte, que predisse com toda exatidão. Tendo recebido os Santos Sacramentos,
esperou a morte, deitado no chão. As últimas palavras que disse foram as do
Salmo 150: “Todos os espíritos louvem ao Senhor”.
Já em 1313 foi honrado com o título de Santo, pela
canonização feita por Clemente V.A Ordem dos Celestinos estendeu-se rapidamente
pela Itália, França, Alemanha e Holanda. Estimada pelos príncipes, teve em
todos os países uma bela florescência, até à grande catástrofe religiosa na
Alemanha e a Revolução Francesa. Na Itália existem ainda poucos conventos da
fundação de Pedro Celestino.